terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Valentine's Day, chocolate branco.

-Sabe o grande problema de tudo? [Sorriu leve] O amor me assusta.
-[risos] Você não pode ta falando sério... ’
-Claro que posso. Me assusta saber que tenho em mãos o coração de alguém quando nem mesmo o meu está seguro comigo.
-Ah, mas a vida não é assim tão conotativa! Não há nada de errado em amar alguém.
-Eu não disse que amar alguém é errado; só quis dizer que ‘ser amado’ assusta, ué! Não que amar seja completamente bom, mas ‘ser amado’ é ainda pior pra mim.
-[risos] Você me deixa confuso, complica demais as coisas... Isso não te cansa?
-Claro que cansa, isso me deixa exausta, sabe? Me tira o fôlego. Às vezes eu tento não pensar em nada pra não acabar me prendendo outra vez nisso tudo. [Esboçou um sorriso] Mas me cansa pela falta de caminhos que resolvam e não por ser supostamente confuso, por que pra mim é bem simples.
-[O outro balançou negativamente a cabeça] Explique melhor então.
-Simples, bem simples até. [Respirou fundo] Eu posso amar, por mais ingênua e idiota que seja ao fazê-lo, mas não posso ‘ser amada’, por que nesse caso cresce em mim um certo pânico, sabe? Eu tento fugir pra longe o mais rápido possível, antes que cause estragos irreparáveis. Ah! E se eu for amada, não posso sob hipótese alguma, saber disso.
-Realmente estranho! [Risos] E se eu disser agora que te amo?
-Não o faça.
-Tá! Não vou dizer, mas você sabe que sinto.
-Você disse idiota!
-Não disse ‘Eu te amo”, eu disse que sinto.
-Dá no mesmo, agora eu sei que você me ama. –‘[Parou pensativa] Se bem que nesse caso, não faz diferença alguma por que sei que não é verdade.
-Háhá! A sua cara, acreditar no que lhe é mais conveniente mesmo!
-Mas ‘amar’ não é assim tão simples. Você não pode simplesmente olhar pra alguém e dizer que ama, assim desse jeito.
-Como não? “Eu te amo, eu te amo, eu te amo” e vou repetir isso quantas vezes quiser por que não importa o que você diga ou o quanto isso supostamente te assuste, essa é a minha verdade.
-[Confusa] Você é meu melhor amigo, certo? Amigos amam! É irmãozinho não assusta, esse amor, só esse, é bom. [Sorriu]
-Ah, então você anda classificando amores pra fugir daquele mais pleno e inclassificável que sente?
-Caramba! Você complica demais as coisas, isso não te cansa?! [Ela sorria já se divertindo com a conversa]
-Cansa sim, te entender é extremamente exaustivo. Mas amar, 'amar' nesse caso é bem simples até.
-Explique melhor. [Em tom de desafio]
-Eu amo você. Ponto. Eu amo.
-Tá, eu também amo você, mas esse 'amor', ele...
[O garoto a interrompeu]
-Ele é amor, só amor, não importa 'como eu te amo' por que isso não vai mudar o fato de ser 'amor', simples, direto, pleno, é amor o que eu sinto por você, garota idiota!
-[Assustada, ela tentava sorrir] E agora?
-Agora? Não mudou ainda, eu acho. [Piscou o olho]
-Não! E agora, meu Deus, você me ama! O QUE EU FAÇO?
-[Gargalhando] Agora, eu espero que você tente fugir por que você é uma idiota e eu sei que vai faze-lo. Vai fugir de mim o quanto for necessário até perceber que me ama também e 'ama de verdade' do jeito que não dá pra classificar...[Pegou na mão dela] Daí, nesse instante em que você notar, vai me procurar assustada com medo de ter se perdido de mim, e só quando for um pouco menos boba, vai ver que em nenhum instante eu 'soltei a tua mão' e que não há motivo pra temer enquanto eu estiver por perto...[Pausou e respirou fundo]...Te amando.



domingo, 5 de fevereiro de 2012

Heterônimo verde.

"Tu tem certeza?
"Não..."
"Então porque tu tá fazendo isso?"
"Porque eu tinha que fazer alguma coisa, entende? Qualquer coisa."
"Não faz isso..."
"Mas não dá pra não fazer nada."



Voltei pra casa tentando convencer a mim mesma de que tinha feito o certo, por que eu não tinha o direito de me arrepender em momento algum, não daria pra simplesmente voltar atrás quando sentisse falta dela e eu tinha certeza que ia sentir. Foi nesse instante talvez, que começaram a surgir as lágrimas nos meus olhos, o iceberg derretendo outra vez, eu respirei bem fundo e olhei pro alto...eu não podia chorar e fraquejar, tomei todas as decisões por conta própria e teria de arcar com cada uma das consequências por mais mal que elas me fizessem dali em diante. Se fez outra vez o nó na garganta inexplicável em palavras, o velho nó na garganta formado por vontades, pelo medo de ter medo, pelas lágrimas contidas, formado por palavras, sentimentos e vazios. Eu teria te entendido se tu tivesse tentado me dizer... tentado me explicar ao invés de deixar parecer que eu não era capaz de te fazer bem, sabe? Eu não te cobrei demonstrações de sentimento, nem mesmo o sentimento em si por que também não tenho direito de faze-lo já que todo o frio que eu sinto constantemente não me permite demonstrar nada também, mas eu queria te fazer bem, entende? Queria te fazer esquecer o que quer que te fizesse sentir triste, toda vez que segurasse a tua mão, que te abraçasse. Eu te deixei ir... não por mim por que isso tudo parece ter tomado um espaço gigante na minha cabeça desde ontem a noite, me desconcentrando e chamando atenção, chamando os pensamentos...eu te deixei ir por ti, por ti mesma e pelo que tu merece sentir. Pra que tu viva o que tem de viver e veja o que for preciso, pra que tenhas certeza do amor que sente ou não e por quem sente ou não... consegue entender?

[...] Mas não te procuro mais, nem corro atrás. Deixo-te livre para sentir minha falta, se é que faço falta… 
— Caio Fernando Abreu