domingo, 5 de fevereiro de 2012

Heterônimo verde.

"Tu tem certeza?
"Não..."
"Então porque tu tá fazendo isso?"
"Porque eu tinha que fazer alguma coisa, entende? Qualquer coisa."
"Não faz isso..."
"Mas não dá pra não fazer nada."



Voltei pra casa tentando convencer a mim mesma de que tinha feito o certo, por que eu não tinha o direito de me arrepender em momento algum, não daria pra simplesmente voltar atrás quando sentisse falta dela e eu tinha certeza que ia sentir. Foi nesse instante talvez, que começaram a surgir as lágrimas nos meus olhos, o iceberg derretendo outra vez, eu respirei bem fundo e olhei pro alto...eu não podia chorar e fraquejar, tomei todas as decisões por conta própria e teria de arcar com cada uma das consequências por mais mal que elas me fizessem dali em diante. Se fez outra vez o nó na garganta inexplicável em palavras, o velho nó na garganta formado por vontades, pelo medo de ter medo, pelas lágrimas contidas, formado por palavras, sentimentos e vazios. Eu teria te entendido se tu tivesse tentado me dizer... tentado me explicar ao invés de deixar parecer que eu não era capaz de te fazer bem, sabe? Eu não te cobrei demonstrações de sentimento, nem mesmo o sentimento em si por que também não tenho direito de faze-lo já que todo o frio que eu sinto constantemente não me permite demonstrar nada também, mas eu queria te fazer bem, entende? Queria te fazer esquecer o que quer que te fizesse sentir triste, toda vez que segurasse a tua mão, que te abraçasse. Eu te deixei ir... não por mim por que isso tudo parece ter tomado um espaço gigante na minha cabeça desde ontem a noite, me desconcentrando e chamando atenção, chamando os pensamentos...eu te deixei ir por ti, por ti mesma e pelo que tu merece sentir. Pra que tu viva o que tem de viver e veja o que for preciso, pra que tenhas certeza do amor que sente ou não e por quem sente ou não... consegue entender?

[...] Mas não te procuro mais, nem corro atrás. Deixo-te livre para sentir minha falta, se é que faço falta… 
— Caio Fernando Abreu

Nenhum comentário: